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terça-feira, abril 07, 2015

Os pés de barro - Açoriano Oriental


Os pés de barro

Quando Vasco Cordeiro "ascendeu" a candidato a Presidente do Governo, gerou-se nos Açores a discussão sobre o facto do PS não fazer um congresso onde essa questão pudesse ser discutida. Questionava-se, então, a democracia interna no partido que governava a região há mais de 16 anos (agora já leva mais de 18) e a conversa era "apimentada" pelos outros putativos candidatos que se perfilavam à sucessão de Carlos César.

Ficou célebre uma frase de um parlamentar socialista em que, mesmo enganando-se, dizia em plena sessão do parlamento regional: "Pior do que ter um congresso que não serve para nada, é antes não ter um congresso". Apesar do lapso do deputado que queria dizer exatamente o contrário, pois tentava defender o facto de não ter existido congresso no PS previamente à escolha do candidato da presidente do governo, ficava claro o incómodo socialista que tornava a sucessão de César numa escolha menos participada, decidida apenas por um pequeno grupo de dirigentes, comandados pelo próprio César.

Tendo conseguido vencer as eleições regionais, Vasco Cordeiro só então se tornou presidente do PS, numa eleição sempre condicionada pelo resultado eleitoral que, em qualquer dos casos (vitória ou derrota), iria acabar por marcar de forma indelével a forma como o PS Açores abordava as questões do poder e do acesso aos cargos públicos.

Se, por um lado, a vitória do PS em 2012 levou Cordeiro a presidente do PS Açores, o facto de ele ter sido escolhido candidato à vaga de César sem um congresso que lhe desse força e apoio interno, acabou por tornar a sucessão no partido uma consequência sem debate, ou como se diz na gíria: "um passeio eleitoral".

Quem se atreveria a contestar internamente o novo Presidente do Governo Regional? Se bem que ainda se ouviram rumores de alguma candidatura meio ressabiada, o facto é que o PS lá elegeu Vasco Cordeiro também presidente do PS, ainda que nem todos ficassem contentes! (afinal, talvez haja congressos que não servem para nada).

Contudo, o agora líder máximo do PS e do Governo, cresceu com pés de barro, sem ter sido a escolha disputada pelos socialistas dos Açores que tinham outros desejos ou que sonhavam com a mesma oportunidade. O crescimento de Vasco vai pesando sobre uns ombros que não encontram nem o partido nem o governo nas mãos.

É cada vez mais óbvio que, sem um presidente que - sendo simultaneamente presidente do governo e do partido da maioria - consiga pôr o partido a trabalhar com o governo, nos Açores os poderes do partido e do governo dispersam-se e colocam em causa a própria governação.

Não será por acaso que em menos de dois anos de governo, Vasco Cordeiro já tenha feito uma remodelação, destinada essencialmente a repor os poderes do partido dentro da administração e nem mesmo assim a casa ficou arrumada. E quando se começa a caminhar para o final da legislatura, menos de um ano depois de uma remodelação, já se anda de um lado e do outro, a pedir-se a saída de uns e a entrada de outros.

Por enquanto, com as eleições nacionais à porta, ainda se vão juntando algumas vontades para encontrar os lugares certos para algumas vozes mais acompanhadas, mas é notório que com a preocupação central a ser a falta de diálogo entre um presidente imposto e um partido desfeito nos falhanços da governação!

Quando muitos gostam da analogia falaciosa de que os partidos são todos iguais, penso que há diferenças que devem ser realçadas, e elas podem já ser reconhecidas no congresso que o PSD realiza no próximo fim de semana.

* Deputado na ALRAA pelo PSD/A

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